sábado, 6 de outubro de 2012

Em meio à trilha, a metáfora surpresa


"...Eu senti isso como uma trilha
literalmente uma trilha sonora e
uma trilha no meio da mata...
Fui andando naquele pico de
floresta com
esta trilha ao fundo..."
Leila Pinheiro 


Já faz algum tempo que não escrevo aqui no blog. De certa forma, isso trazia-me certo desconforto pelo desejo de dar continuidade aos textos e não ter inspiração suficiente. Pensar dói, escrever idem, pela humana exigência da consciência e da linguagem. Felizmente, nem tudo estava/está perdido. Eis que me deparo hoje com um lindo vídeo postado recentemente no Youtube da cantora Leila Pinheiro e do compositor Célio Cruz cantando juntos uma composição dele no Projeto Amazônia Convida, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro até novembro deste ano.

Aparentemente isso não teria qualquer correlação com a proposta deste blog. Mas foi a declaração da Leila contida no programa do show - a que abre este post - que me deu o estalo para a pertinência com o que venho fazendo. Ambos, projeto de show (da Leila) e projeto de doutorado (meu) têm a ver com trilha, com caminho que se busca fluir. A trilha é plena de possibilidades, afinal existem várias direções possíveis. Na trilha, há as paisagens ao redor, potencialmente diversas, a depender do rumo tomado. Cores, cheiros, visões, sensações, encontros, descobertas, tudo isso vai nos fazendo seguir.


Imagem do programa do show Amazônia Convida, em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro


Mas a trilha não é apenas isso. É som também. E na trilha vai se formando discretamente uma outra trilha repleta de canções, como um tapete mágico-sonoro dotando o caminho de intenções bem particulares, amalgamando as faces da vida numa vida toda. Não tinha realmente me dado conta dessa trilha ao fundo. Embora a característica musical sempre estivesse presente lá, ao tratar da trilha, só me vinha à mente a mata imaginária com seus imensos troncos e sua primária cor verde e um trilho a compor o caminho a seguir, deixando para frente e para trás o rastro do que foi e do que virá.  

Então, metaforicamente contente e satisfeito de mim, retomo a trilha com uma trilha bem peculiar. Aproveitando o ensejo do Amazônia Convida, destaco o final da apresentação de 25 de setembro de 2012 que reuniu Leila e Célio cantando juntos a tal composição dele que havia mencionado no começo deste post e à qual tive a felicidade de assistir de perto na plateia. Não sei o título da canção. Busquei na internet, mas não consegui descobrir o nome. Sinto por isso. De todo modo, o fundamental é a intenção do gesto e do som. Que eles possam acertar com os intentos puros e simples, justamente os mais profundos...



"Tive a ideia de te entregar um poema cantando rio
Na imagem do teu olhar o sol se vai por um fio"
Célio Cruz

* Dedico a retomada desta trilha à querida Leila Pinheiro, que tanto toca a minha trilha.