sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O início, o fim e o meio


Me vejo o tempo todo começar de novo
E ser e ter tudo pela frente
Abril, composição de Adriana Calcanhoto gravada por
Leila Pinheiro, em 1998, no CD "Na Ponta da Língua" (EMI Music)


Na sucessão regular de eventos ou fenômenos, a sequência construída aponta para o meio, o fim e o início de um ciclo, sob diferentes perspectivas. Os olhos se habituam à cidade. Ela torna-se mais familiar e integra-se ao rastro de recordações, numa visão estrangeira e radicada. O rio que passa no intermédio é também o Rio ribeira onde é possível atracar o barco, fincando raízes. É também o limite do espaço e o remate de uma fase. Fecho de composição e, ao mesmo tempo, preâmbulo. Singela (re)transform(ação).

Neste meio, neste fim e neste início, como em qualquer outra etapa da vida, há um caminho, e não uma pedra, ao contrário do que disse Drummond. Um caminho de direções a marcar e a seguir, um caminho de encontros e de despedidas. Vida de estação. Plataforma de muitas idas e vindas. E, assim, na série de acontecimentos que se segue, a ordem se estabelece e o processo continua, ininterruptas paisagens em todas as estações. Dentro e fora dos trens e em todos os sentidos. Tô chegando, tô partindo, tô ficando.





São só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida
A plataforma desta estação
é a vida deste meu lugar
Encontros e Despedidas, canção de Milton Nascimento e Fernando Brandt
e gravada primeiro por Simone, em 1981, no álbum "Amar" (CBS-atual Sony Columbia), depois pelo próprio Milton, em 1985. no LP "Encontros e Despedidas (Barclay Polygram-atual Universal Music) e por Maria Rita, em 2003, em CD "Maria Rita" (Warner Music)